quinta-feira, 18 de abril de 2019

Um ogro nos jardins do Éden


Essa história aconteceu há alguns anos, numa cidadezinha bem distante de um reino desconhecido.

O protagonista? Jerif, um rapaz tranquilo e sempre de bem com a vida, mas que guardava mágoas e desapontamentos demais em seu coração.

Após uma semana produtiva de trabalho, Jerif resolveu beber um pouco antes de visitar sua namorada que morava em outra cidade. Não havia comido nada naquele dia, o calor estava insuportável e acabou “exagerando na dose”.

Subiu na última carruagem com destino à cidade de sua amada, estava “alto”, sim, mas a animação, a euforia, a saudade e a felicidade de vê-la falaram mais alto.

Chegando ao seu destino foi caminhando até a casa onde ela mora, esperando que a caminhada fosse ajudá-lo a melhorar um pouco do pileque.

Jerif mal havia passado pelos portões e começaram os problemas, uma “amiga” de sua namorada estava lá, cínica e falsa como sempre.

- Quem gosta de gente assim? -

Jerif foi tomado por uma inquietação, uma raiva, um desespero, e não sabia o que fazer.

Ele não sabia bem o que aconteceu, a bebida se incumbiu de apagar de sua memória todo o vexame que passou.

Contaram que foi cercado por “caçadores” e que foi covardemente agredido, teve três costelas trincadas, o supercílio cortado e as pernas roxas de tanto ser apanhar, e essas recordações ele carregou consigo durante um tempo, algumas ainda carrega.

Foi resgatado pelos seus pais, que foram chamados por sua namorada e que moravam na mesma cidade que Jerif. Eles levaram Jerif até a casa onde moravam e mais uma confusão se formou.

Nosso protagonista havia tomado algumas “poções” que sua namorada usava para dormir, apenas uma era suficiente, Jerif bebeu umas sete, e como o álcool ainda estava no seu organismo, brigou, ofendeu e maltratou seus pais e até a si mesmo. Chegou ao ponto de quebrar seu celular ao jogá-lo no chão.

Jerif estava incomunicável, seu celular estava dividido em três partes e a maçã que representava sua marca havia perdido mais que apenas uma mordida.

Aquela maçã lembrava a maçã que envenenou a Branca de Neve. Não! Lembrava do fruto proibido que levou Adão a ser expulso do paraíso por indução de Eva.

- Espera aí, quem é Adão e quem é Eva nisso tudo? -

O rapaz começou a tentar entender o que havia acontecido, buscava rostos para Adão, Eva e para a serpente, é claro, mas essa até que foi fácil identificar. No início achou que ambos, tanto Adão, quanto Eva haviam sido protagonizados pela mesma pessoa, ele, mas convenhamos, Adão foi muito mais vítima, muito mais inocente que Jerif.

Foi então que percebeu que de Adão ele só tinha a culpa por ter mordido a maçã (a bebida e a “poção”), havia muito mais de Eva nele. A serpente (amiga de sua namorada) o havia envenenado, colocando-o ainda mais atordoado e com isso Jerif destruiu o paraíso em que sua namorada e ele viviam.

E dessa forma conseguiu identificar quem era quem nos Jardins do Éden: Eva era ele. Fraco inseguro e impulsivo, errou ao se deixar influenciar pela presença e pelas palavras da serpente. Adão era sua namorada, incompreendida e prejudicada pela fraqueza de Eva.

Após se acalmar e pensar em tudo que havia acontecido, Jerif compreendeu que a culpa também não foi só da amiga de sua namorada, ele já chegou na sua cidade com o nível alcoólico excedido, a presença irritante e inconveniente dela só serviu para acender o pavio do adolescente inseguro e agressivo que ainda habitava nele.

Essa insegurança e essa agressividade fizeram-no descontar tudo de ruim que guardava dentro de si em pessoas com as quais ele não só se preocupava, mas amava (sua namorada e sua família e seus pais).

O efeito da bebida passou, das “poções” também e Jerif não consegue se lembrar de nada, nada mesmo, foram dois dias perdidos de sua vida, dois dias que ele preferia que tivessem sido apagados da vida de todos os envolvidos, mas infelizmente não poderá voltar atrás e mudar o que aconteceu, então, que ele recomece a escrever sua história, sem serpentes, maçãs e “poções”.

Um comentário:

  1. Desculpa, mas fiquei um pouco confusa. Tá claro que você é o Jerif, mas de onde sairam os "caçadores" ? Ele/você não estava sozinho na casa da namorada com a tal amiga dela? E porque essa amiga causava " inquietação, uma raiva, um desespero"? O blog é legal, mas esse texto tá meio bagunçado :)

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